Um pequeno indício de Ensino e Aprendizagem de História

Por esta e mais outras é que não gosto muito de entrar no Facebook. Hoje, pela manhã bem cedo, tive contato com uma figura no mínimo inusitada, para não dizer esdrúxula. Tratava-se de um suposto professor História que havia retrucado um comentário meu feito sobre o seguinte post:

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O comentário: “kkk Se Maomé ensinava amor, então era só para com os “fiéis” porque para os infiéis só resta a Jihad!” (sic). A resposta: ” ‘Não creia que vim trazer a paz, mas a espada’. Jesus Cristo. Realmente, um senhor pacifista.” (sic). Duas premissas para um inteligente, elegante e interessante debate? Não! As pessoas não sabem mais debater. Já escrevi sobre isto.

E o que isto tem a ver com o título do post? Aparentemente nada. Mas, se prestarmos um pouco de atenção…Até que tem. Se não, vejamos.

Quando estudamos Idade Média, período que se convencionou delimitar entre o Século V ao XV, os historiadores tentaram fazer (através de um esforço enorme que custou um preço alto) uma divisão temporal e espacial. Pelo menos, enquanto método, tentou-se fazer o mesmo que se fez com a Europa Ocidental para o Oriente próximo e África. Neste recorte, temos o estudo da formação e expansão do Império Islâmico. Natural que se estude inicialmente o próprio processo de formação do Islã. E é aqui que temos contato com o principal expoente deste grupo monoteísta, Maomé. Há controvérsias se, de fato, o profeta teria incitado o Jihad como forma de expansão da fé muçulmana, ou se isso teria ocorrido após a sua morte como um processo eminentemente político.

Esse era o contexto que embasa o comentário do post acima. Que muitas pessoas morreram e morrem até hoje em nome desse Jihad (há estudos muito interessantes sobre a questão polissêmica deste termo na internet, é só pesquisar). Se quem mandou explodir aviões em prédio americano foi Alá ou não, isso é uma outra discussão. Se tem muçulmanos que matam em nome de Alá, isto não significa que todos os muçulmanos são assassinos. O mesmo raciocínio se aplica a Igreja Cristã Medieval. Será que isso é uma coisa tão difícil de se entender?

Agora, vem um apedeuta desse e solta um inerente despautério dizendo que Jesus Cristo não era pacifista porque disse que veio “trazer a espada”. Tem que ser muito estúpido ou perverso pra fazer uma conjetura dessa – algumas vezes tais qualidades não andam separadas. Hermenêutica e Metáfora são palavras desconhecidas para esse tipo de gente. Para quem quiser tirar suas próprias conclusões leiam o Evangelho de Mateus capítulo 10, versículos 34 a 39. Melhor seria se o capítulo inteiro fosse lido.

Procurando o perfil deste cidadão, para entender melhor de onde vem suas ideias, informa ser professor de história. O fato é que nossas salas de aulas estão cheias de professores como este. Papagaios reproduzindo o que ouviram do professor ateu na faculdade sem nunca ter consultado antes suas fontes. E assim o fazem que é para parecerem bem mais inteligentes do que não são. Acham que ser intelectual é antes de tudo rejeitar a fé das pessoas, ridicularizando-as por creem em algo, como se SER ATEU também não fosse uma grande crença e uma grande religião.

Nesta mesma empreitada encontrei a postagem da seguinte questão em uma avaliação de história:

“A Invasão da Rússia por Napoleão, ocorrida em 1812, teve consequências trágicas para o exército francês. Explique com suas palavras os principais problemas encontrados por Napoleão na invasão da Rússia e as principais consequências desse conflito para o Império Napoleônico: (pontos 0,5)” (sic.)

A resposta do aluno:

“O exercito de Napoleão invadiu a Russia e foi derrotado por causa do frio os homes gelavam o bosto e nao conseguio caga”. (sic.)

O comentário do Professor de História:

“Meio certo, pois a principal causa da derrota do exército napoleônico na invasão da Rússia foi realmente o frio excessivo do inverno russo. rss Fazer oq?” (sic.)

Dai se pode inferir coisas interessantes sobre que tipo de ensino estamos recebendo, que tipo de aprendizagem se tem desse ensino e que tipos de professores ensinam.

Lamentável!